terça-feira, 21 de outubro de 2014

Sol e Lua

20/10/2014

Quero ter um espaço em seu tempo.
Pertencer ao seu curso diário,
Ser palavras do seu dicionário,
Veias pulsantes de suas têmporas.

Ser um membro do seu instante,
Como os olhos de sua visão,
Paixões em sua revolução,
Sua translação constante.

Quero orbitar em seu sorriso,
Ser sua quinta dimensão,
O vazio em sua imensidão,
O sentido em seu ser preciso.

Quero ser seu sexto sentido.
Um método de ser hermético,
Para que o mais rígido cético
Aos seus pés tenha assentido.

Quero ter um tempo em seu espaço.
Divagar em seus planetas,
Ter um rumo aos meus cometas,
Um caminho ao meu passo.

Quero curvar-me em sua presença
Que distorce os caminhos da luz,
Avermelha os ceus azuis,
Quando seu brilho dá a sentença.

Quero preencher seu vazio.
Em seu universo ser errante,
Em sua espécie ser mutante,
Ser um astro sem luz e vadio.

Quero ser sua menor partícula.
De sua carne ser indivisível,
Ser um átomo invisível
De sua mais ínfima gotícula.

Ser calor em sua combustão,
A fricção do seu atrito,
O desgaste do seu detrito,
A entalpia de sua reação.

Quero ser sua relatividade.
Suas trocas de referencial,
O contexto social
De sua individualidade.

Quero ser o seu Sol.
E você, para meu barco,
Que seja uma meta, um marco,
Minha Lua e meu farol.

Que nossas paralelas se encontrem
No infinito de seu coração,
E que a mais sublime canção
Seja a que seus lábios cantem.

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