domingo, 5 de outubro de 2014

Escrever Livremente

04/10/2014

Assumindo o compromisso
De mostrar meus poemas,
Ainda conseguirei escrever livremente?
Sim, tudo pode gerar um poema...
Mas nem tudo gera.
Menos ainda os meus.

Meus poemas
São faces de minha alma,
São reflexos de minha vida,
São refrações múltiplas
Nas interfaces de minhas camadas.
Múltiplas camadas.

São cores de minha áurea transparente.
São os chifres de minha auréola.
São minhas asas.

Como então escrever livremente?
Afinal, para quem sempre escrevi?
Poemas são cartas sem destinatário.
(Nem sempre)
Por vezes sem remetente.
Ou sem assunto.
Sem assinatura,
Saudações,
Despedidas.

Que o remetente se nos mostre
E que os destinatários se destinem:
Eis a graça da poesia.
A divina comédia poética.

Não existem linhas tortas na poesia,
Pois não existem linhas retas.
São todas linhas.
Apenas.
Grafadas com sangue.
E o que há no sangue para ser visto?
São todos vermelhos...
Mas suas células mudam.
Seus fluidos não são os mesmos.

Me dou o direito
De continuar escrevendo
Da forma que melhor me convir.
Me dou o direito
- Enquanto ser de sangue vermelho -
De manchar o papel
Com escritos
- De sangue.
De continuar a escrever livremente!

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