terça-feira, 12 de junho de 2018

Essência e Evanescência

11/06/2018

Mergulhado nos rios que percorrem minhas veias,
dissolvo minha mente por completo
e me torno fragmentos de mim mesmo.
Minúsculos grãos de mim
desaparecem em minhas águas
e completo minha metamorfose
como um grande fluido de eu em mim.
E minha correnteza vermelha
trafega por entre os obstáculos do caminho.

Sigo acompanhado de meu eu dissolvido
e de meu único desejo:
desejo de aflorar.
Aflorar.
Para que meus odores viajem livres pelos ares
e se confundam com os odores do mundo.
Que gostoso seria se minhas cores
alegrassem meus arredores..
Se minhas raízes não me prendessem ao solo,
mas me dessem firmeza
para que as pétalas pudessem vagar.
Pétalas vadias policromáticas.
Queria que abelhas me procurassem,
para que germinassem outras de mim,
que não seriam eu.

Mas sou rio.
Fluir é o cerne de meu ser.
E o desejo que eu posso ter
é que no meu trajeto ao mar
eu possa inspirar quem quiser sonhar
e que os outros venham a mim ao menos para beber.