sexta-feira, 3 de julho de 2015

Refração

03/07/2015

Quando menos esperava ver, eu vi.
Na sorte da minha morte,
sem medo renasci.
Me tornei sujeito concreto,
verbo sem objeto
(direto ou indireto),
diretamente proporcional
a minha insanidade,
transcendental a minha normalidade.
Fundamental.

Ganhei asas de passarinho,
barbatanas de peixinho,
para poder nadar no ar.
Conversei com o Sol,
que me falou da vida,
e com a Lua,
versada no amor.
Convivi com estrelas
e precipitei com a chuva.

Chuva, como posso ser arco-íris?
"Venha com tudo que tiver,
seja a unidade do seu ser,
a completude de suas fases,
e se permita dividir-se;
transpareça a multiplicidade
de sua plenitude.
Multiplique-se em sua essência,
em sua realidade metamórfica.
Seja vários para ser um."

E deixei o vento me levar.
Como a areia que se vai
e transforma a duna
em uma forma sem forma.
Fui uma brisa no céu,
uma onda no mar;
Uma folha bailando em sua queda,
uma labareda bailarina em ascensão.
Fui vida.
E voltei a dormir.