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terça-feira, 24 de março de 2015

Astrofilia

15/09/2014

Se houvesse uma intrínseca simbologia
Em ser originário do Planeta Azul,
Viveria com minha existência em duo,
Uma harmonia sem neologia.

Mas em um planeta chamado Terra,
Como poder encontrar tanta água?
Se nada há nesse mundo além de mágoa,
Injustiça, destruição e guerra,

O que há de simbólico em sua cor?
A água representa adaptação,
Mas o ser humano só produz dor.
Para nós só vale a captação

De bens materiais. Somos de fato
Seres terrenos, terrestres. Somos cegos
Galgando nossos caminhos pelo tato
E pela clara escuridão do ego.

Como seria ser oriundo de Vênus?
Seria a existência mais marcante?
Ou a vida talvez um pouco menos
Exorbitantemente ignorante?

A Estrela d'Alva é vista do nosso céu,
Mas do lado de lá, o que pode ser visto?
Sua atmosfera é coberta por um véu,
Deixando um agridoce sabor misto:

O brilho existe, mas só pra quem vê de fora.
Qual o seu valor então para os internos?
A beleza está lá fora, agora
Respirar o ar quente dos Infernos

E discursar na ágora venusiana
Não devem ser experiências tão distantes.
Como não o é atrás de uma veneziana
Se esconder, cheirando gases constantes.

Por outro lado, ser habitante de Marte
Tampouco poderia ser mais positivo.
Pois o que seria mais propositivo,
Com esse nome, que seu estandarte

Carregar a cor e o escudo da guerra?
Terá sido esse o fim dos marcianos?
Guerras por centenas de milhares de anos?
E será esse o fim de nossa Terra?

Talvez eu esteja sendo muito exigente.
Não fosse pela humanidade, decerto
Marte não seria o nome vigente,
E ligá-lo à guerra seria incerto.

Talvez esteja olhando para o lado errado,
Pensando que a solução está n'outro mundo.
Talvez esteja meu pensamento amarrado,
Vendo na terra e no céu o que há de imundo.

Parece-me que o problema está no ser
- Mas não em qualquer um: no ser humano!
Não se pode esperar mais de um ser pro qual ter
Constitui o âmago de seu plano.

Seja Urano, Netuno, Mercúrio, Plutão,
Nem luas de Júpiter, aneis de Saturno
Poderiam iluminar a escuridão
Que envolve nosso espírito noturno.

Se o problema habita em nosso coração,
Olhar para fora não é solução,
Mas sim olhar profundamente para dentro.

Só assim saberemos não ser o centro
Nem aresta; ângulo nem lado:
Cada um saberá amar e ser amado.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sonhomar

08/09/2014

Quero me afogar nos meus sonhos.
Sugar para os meus pulmões
- Como balões a vácuo -
Moléculas de fantasia,
Para que, ao ser reanimado,
Possa arrotar bolhas de felicidade
E cuspir goladas de simpatia.

domingo, 5 de outubro de 2014

Cântico

30/09/2014

Não me refiro ao amor ideal,
Nem à existência do par perfeito;
Mas sim a algo muito mais real,
Que é aquilo que bate em meu peito.

Entendo bem o que você quer dizer.
Aquele típico amor fantasioso
Não deixa de ser muito mentiroso,
E ficar nessa ilusão não é viver.

Mas o sentimento existe e está desperto.
Pode não ser fantástico, mas é poético;
E meu peito, de fluido magnético,
Às forças do seu ímã está aberto.

Que não seja eterno, pois tudo muda;
Mas diante de ti a boca fica muda
E do coração emana seu cântico.

É de fato disso que eu quero falar.
E se eu disser que quero te encontrar,
Dirá então que estou sendo romântico?

sábado, 4 de outubro de 2014

Verbo

22/09/2014

Quero cegar-me em seu olhar.
Nadar nos seus cabelos,
Eriçar-me nos seus pelos,
Beber a água salgada do seu mar
Até cansar.

Quero perder-me em suas curvas.
Ser as linhas de sua mão,
Os sonhos de sua ilusão,
Os sinais escritos no ar
Por suas mãos surdas.

Quero ser o seu silêncio.
Navegar na sua voz,
Do seu rio ser a foz,
Da escuridão o luar,
Com um brilho imenso.

Quero cheirar seu pescoço.
Degustar seu suor,
Do seu laço ser o nó,
Dos seus pés o caminhar,
Da sua carne ser o osso.

Quero vestir-me com seus beijos.
Sentir embaixo da pele
Um regozijo que mele,
Sem que eu possa me importar
Com meus desleixos.

Quero seu recanto ébrio.
Quero sentir em seu desejo
Tudo aquilo que almejo,
Para que então amar
Possa se tornar meu verbo.