segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Extraplanetário

11/02/2013

Sou um ser extraplanetário.
D'onde eu venho não há espaço,
Nem tampouco horário;
Não há qualquer cangaço,
E nenhum proletário.

Venho de nenhum e de todo lugar,
E quando eu falo, não é de mim que sai a voz.
Na qualidade de ser extraplanetário,
Me dou o direito de livremente pensar,
De ser ao mesmo tempo riacho e foz,
Vento e brisa, vítima e algoz,
E de ser sempre e nunca solitário.

Sou um ser extraplanetário.
Quando vejo meu corpo,
Não me vejo verdadeiramente.
Meu corpo não é meu.
E eu não sou o meu corpo.
Nada que me ronda é meu,
Mas vivo tudo plenamente.

Nada do que vejo nesse mundo me pertence,
Mas eu pertenço por inteiro a esse mundo
E a todos os outros que possam existir.
Quando não sou visto aqui, estou n'outro lugar,
Mas estou também aqui (que fique o suspense).
Minha existência não possui um fundo:
Ao fim de meu corpo, minha essência vai persistir.

Sou um ser extraplanetário.
Não vivo só nesse agora:
Sempre existi e eternamente
Existirei. Para mim
Não há fronteiras lá fora.
Sinto incondicionalmente
E vivo a Beleza-sem-fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário