domingo, 29 de novembro de 2015

Starsteel

29/11/2015

Tudo calmo por entre os prédios.
O verde e os bichos fugidos,
escondidos em seus nichos,
bem longe desse reinado do tédio.
E o mundo do desejo regido
por um batimento ébrio
no fundo do peito.

Mais ou menos dor, quero mesmo amor,
com sua rima que não quer calar.
Pois se vou continuar,
que seja a despeito
desse sufrágio biológico.
Com um desprezo módico
e um descaso médico.

Where is the starman?
Arcos, discos e planos,
voadores, escusos, astrais.
Uma dieta, um romance
e atitudes normais.
Falsa sensação de bem estar.
Sem amor, beijo, abraço,
que não caia lágrima
e levante o aço!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Filologia

18/11/2015

Em cada salto de um passo,
em cada braço de uma pegada,
muita água em jorro
e gozo em cada sacada.

Seja o brilho de um astro fosco,
seja o espinho de uma roseira,
que seja! Me veja e perceba
o íntimo de minha natureza.
Sem dar margem à dúvida:
feroz, tranquilo e selvagem.
Coragem! para viver a vida
e a morte súbita.

Nos muros, praias e curvas,
me turva um brilho conforme
ao explendor das musas.
Desse quadro não padeço.
Em seu peito amanheço,
em sua carne me aprofundo.
Me faz esquecer o mar,
me faz esquecer o mundo.

Os Morros que Morrem

18/11/2015

Os morros de pedra, volumosos,
nos olham de cima abaixo,
vendo corpos frágeis, que morrem,
que degradam sob o solo.

Sobre os morros não posso
dizer qualquer fantasia.
Mesmo que em sua pedra dura possa
ser erguida grande mata,
o morro impassível nos olha,
enquanto a gente morre, sangra e mata.

Não morra, não! Não morra!
E quando estou sobre o morro,
meus pés sentem sua pele;
minha carne, sua carne;
meu fôlego, sua brisa.
Mesmo ali, o morro me pisa,
me olha de baixo pra cima.
Me veja, morro. Me ensina
como deixar de ser água,
que sua pedra me fascina.