sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Eu Preciso Aprender a Ser Sol

09/01/2015

Eu queria ser o Sol,
pra morrer a cada dia
e todo dia nascer de novo.
Já imaginou como seria?
No meio da escuridão
fazer raiar o dia;
no seio da solidão
ser o brilho que irradia.

Eu queria ser a luz
que do branco vira verde;
o calor que do fogo
gera a  vida.
Imagine se mesmo distante,
longe, tão longe,
eu pudesse brilhar no seu rosto.
Ser aquele calorzinho
que esquenta a bochecha.

Eu queria ser o Sol
pra brincar com a melanina.
Morenar as costas,
enrubescer o rosto.
Arder na pele,
secar o corpo:
para isso eu serviria.

Imagine como seria,
se meu toque, meu toque ardente,
fizesse a neve dereter;
transformasse o floco de neve,
com toda sua arquitetura,
numa gota d'água,
em sua esfericidade divina.

Eu queria clarear o dia,
e que o dia fosse definido em mim.
Imagine como seria:
quando eu saísse, anoiteceria;
quando chegasse, só alegria!
A praia, o rio, a cachoeira...
Se eu fosse o Sol,
felicidade,
toda chuva teria arco-íris.
Seria sete, e não um,
porque um é limitado.
Imagine se eu fosse feito de cores...!

Sabe aquele azul do mar?
O verde das plantas?
Aquela corzinha toda própria do seu olho?
Tudo eu.
Mas não sei, não.
Ser o Sol é querer demais;
é muita megalomania pro meu coração.
Acho que o Sol não seria, não.

Acho que tenho um pouco de Sol em mim
- e ainda mais da Lua.
Aquelas quatro estações,
as quatro fases,
tenho tudo isso em mim.
Mas não sei, tem também uma coisa ruim.

Eu queria ser o Sol,
mas o Sol não serei, não,
pois não gosto do sofrimento
que ele causa no sertão.
Mas já sou um pouco disso tudo aí:
branco, verde, azul,
sete, quatro, um,
vivência e ilusão.
Acho que vou ser eu mesmo.
Deixar pro Sol a iluminação.

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