segunda-feira, 30 de março de 2015

Conjuntos Abstratos

29/03/2015

Sou um tanto indeterminado.
Uma comunhão das coisas (ir)racionais
e também das não-coisas.
Meu presente é estar presente
e ser (um ser).
O que me foi passado está no passado
(abstração)
e nos acontecimentos futuros
(abstração),
mas não no infinitésimo do presente,
que simplesmente é,
ainda que não o percebamos.

Como seria não ser,
ou ser fracionário?
Ou ser imaginário?
Acho que sou complexo,
porque inteiro certamente não sou.
Queria ser uma abstração,
um não-ser sendo.
Ser um paradoxo é em si um paradoxo.
Uma completude existencial,
um ouroboros ontológico.

tudo passa tudo passa tudo passa
Menos o passado.
E essa chuva que compromete meu futuro
fumega gases tragicômicos da vida.
Gases hilário-lacrimejantes.
Mas esses gases se vão, porque
tudopassatudopassatudopassa
Menos o tempo.
A não ser as horas, que vão se trocando,
e os anos, que vão se confundindo.

tudo passo tudo passo tudo passo
Mas é tanto obstáculo
que não se vê o fim da trilha.
Me sinto preso numa ilha
rodeada por água até onde vai a vista.
Acho que vou me afogar,
pra ver se o mundo marinho
me reserva outra sorte
e se meu azar é estar com os pés no chão.
Ou então vou aprender a voar.
Fazer amizade com os pássaros,
os pingos de chuva e os raios solares.
Tentar me transformar em arco-íris.
Ou vou ficar por aqui, mesmo;
molhar meus pés na água,
nadar de vez em quando
e me reconciliar com a chuva.
Chuva, molha minha alma,
para fazer escoarem minhas dores.

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