sexta-feira, 13 de março de 2015

Hipocrisia

12/03/2015

Tem dias que o universo
parece estar contra a gente.
Mas acho isso tudo muita presunção.
É prepotência demais achar que o universo
- esse nada todo -
vai perder seu tempo,
gastar sua energia
tratando de minha vida.
Nesses vinte e seis anos,
quem sou eu na idade astral?
Sou como uma célula,
que é parte do organismo,
mas morre muito mais cedo que ele.
E quando morre, não se sabe de sua morte.
Não existe velório para a célula...
Caixão, lápide, luto...
Seu nome não aparece no obituário.
É verdade que não passo de comida de verme.
Encerrarei meus poucos anos de idade astral
como uma massa fétida, repleta de gases,
devorada pelo Deus Verme.
E quando lembro que meus pesares
mais parecem histeria perto do sofrimento
que vemos tanta gente passando,
peço que o universo fique a favor dessas pessoas.
E me sinto tão podre em minhas queixas
que desejo o fim de minha existência celular,
para que minha massa fétida
tenha enfim alguma serventia.

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