quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Parte de miM

25/12/2014

Eu nem sei do que sou feito agora.
Nem o que é feito de mim.
Meus poemas já falam um tanto do que eu sou
e mais ainda do que não sou.
Do que seria,
posso vir a ser
e nunca fui.
Mas já fui tanta coisa que nem lembro.
A memória também é uma coisa sobre a qual me debruço,
mas não entendo.
Vejo do alto,
de longe,
e só o eco me responde.
Memória e criação: como distinguir?
(Existe distinção?)

Tenho um pouco desse azul em mim;
esse azul de qualquer poesia,
e alguma coisa de esquizofrenia.
Uma comunhão entre realidade e fantasia;
nunca se sabe o que é o quê.
Nem quem é quem.
Mal sei se eu sou eu mesmo.
(Nem sei definir quem é esse "eu",
esse pedaço de matéria aglomerada,
essa coisa mutável na existência)

Me defino pelo azul do céu,
mas mais ainda pelo azul do mar.
Mas pode me enxergar como quiser,
porque nem eu me vejo diretamente.
O espelho fala menos de mim que a Lua.
E o Sol é o fogo no meu peito.
(Aquele que queima sem tocar, sabe?
que deixa uma mancha no olho,
aquela mancha que segue nosso olhar)

Sou pedra
aquela pedra que quebra a onda
e quebra na onda
vira pozinho
farelo.

Sou um pouco de farelo;
poeira cósmica.
Parte de mim é isso.
.a outra parte não está em miM
O resto, nem sei.

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