15/07/2016
sou um cão de insígnia torpe
um malbocado do mundo encarnado
carniça
sou lobo da estepe
de chuvas ralas de sombra e luz
guerra e paz
do mato à carne
da carne ao laço
compasso
das medidas da minha vida
descompasso
dos ventos que me caminham
com passo
leve de cada alma sofrida
animal de couro degastado
saliva gasta
trevo de seis folhas
bebida amarga
ventre do inferno
no cerne do paraíso
caroço, gomo, visgo
falo a voz da concha do mar
e ouço sussurros da brisa
o mundo vem me escutar
atenção
mas não tenho o que falar
sou só ouvidos
aprendizado
e luta
viva o mundo que ama
e contesta a força bruta
da mata
do fogo
das lutas
queimadas nas terras
do ódio e opressão
ascensão em sol
fusão
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