30/11/2014
Penso que sei pensar,
Digo que sei dizer,
Sonho que nem sei saber
O que um dia acontecerá.
Não sei de nada.
E minha existência é tão abstrata,
Que nem o nada me sabe.
Aliás, nem disso sei:
Nem sei se alguma coisa sei.
Penso que sei, mas penso que não sei pensar.
Digo menos ainda.
Palavras são incapazes de representar o mundo;
Como poderiam representar meus pensamentos?
Até que nem tão complexo assim.
Se eu sou algo incompreensível, meu pensamento é mais.
Nos planos mentais, nada é discreto:
O conexo é disconexo; o simples, complexo.
Mesmo o discreto é indiscretamente contínuo.
Sonho tudo que possível,
Mas os sonhos são falíveis.
Símbolos são incapazes de representar o mundo;
Como poderiam representar minha alma?
Na pareidolia das formas imateriais,
O labirinto infitino.
Sonho o impossível.
Nas linhas curvilíneas se escondem as retas,
Pois todas as retas já foram curvas.
Foram e serão, pois não há contradição
Na comunhão das escalas espaço-temporais.
Ali-depois, aqui-agora,
São duas formas para a mesma constatação,
Dois seres-estados.
Nos sonhos, os seres-estados se confundem.
Se compreendem mutuamente sem qualquer informação,
Porque toda a informação está lá fora.
Lá fora-dentro.
E lá dentro-fora está tudo:
Meus pensamentos que não se sabem pensados,
Minhas falas que não se ouvem faladas,
Meus sonhos que não se sentem acontecidos,
Meus sentimentos.
domingo, 30 de novembro de 2014
Ciclo do Cansaço
29/11/2014
No instante em que a figura se transfigura,
As projeções perdem sua luz
E a imagem só permanece visível na memória.
Que glória! Que história de ninar!
Ovelhas saltando a cerca e sorrindo
O sorriso sarcástico dos lobos.
Caminhando com passos barofóbicos
Nos corações alheios,
As pegadas são imperceptíveis a olho nu
- Por vezes invisíveis ou inexistentes.
As flutuações inconscientes
Preservam a superfície do solo vermelho.
Um ciclo sem fim
Finda quando um ponto sai do lugar.
Pedro amava Maria, que amava João,
Que se cansou dessas coisas do coração.
No instante em que a figura se transfigura,
As projeções perdem sua luz
E a imagem só permanece visível na memória.
Que glória! Que história de ninar!
Ovelhas saltando a cerca e sorrindo
O sorriso sarcástico dos lobos.
Caminhando com passos barofóbicos
Nos corações alheios,
As pegadas são imperceptíveis a olho nu
- Por vezes invisíveis ou inexistentes.
As flutuações inconscientes
Preservam a superfície do solo vermelho.
Um ciclo sem fim
Finda quando um ponto sai do lugar.
Pedro amava Maria, que amava João,
Que se cansou dessas coisas do coração.
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Projeções
27/11/2014
O que seria de mim sem você?
Sem seu carinho, sem seu suporte,
Sem seu amor que me conforte,
Sem tudo que eu queria ter?
Sua existência me acalenta,
Me carrega nas costas.
Seu sorriso me ilumina, me encanta,
Canta seus versos no âmago do meu ser.
Minha existência
Se justifica na sua presença,
Em sua matéria,
Em seu olho que me olha.
Meu tímpano
Se justifica no som da sua voz.
Sem você não sei viver.
Sendo só ou só sendo,
Não posso só ser com você.
Sua ausência estilhaça
O espelho do meu olhar.
Devo ser em mim mesmo.
Suportar-me em minhas próprias costas:
Só assim aprenderei a viver.
O que seria de mim com você?
O que seria de mim sem você?
Sem seu carinho, sem seu suporte,
Sem seu amor que me conforte,
Sem tudo que eu queria ter?
Sua existência me acalenta,
Me carrega nas costas.
Seu sorriso me ilumina, me encanta,
Canta seus versos no âmago do meu ser.
Minha existência
Se justifica na sua presença,
Em sua matéria,
Em seu olho que me olha.
Meu tímpano
Se justifica no som da sua voz.
Sem você não sei viver.
Sendo só ou só sendo,
Não posso só ser com você.
Sua ausência estilhaça
O espelho do meu olhar.
Devo ser em mim mesmo.
Suportar-me em minhas próprias costas:
Só assim aprenderei a viver.
O que seria de mim com você?
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Do Alto
02/06/2014
Debruçado no parapeito de um prédio,
Absorto no vazio em meu olhar,
Percebo que esse infinito tédio
Por eras ainda vai perdurar.
Vislumbro o terror do dia a dia
Nos muros dessa cidade litorânea,
Que escarra no chão minha agonia:
Um dejeto de lama contemporânea.
Aqui do alto nada parece mais real,
Mas de fato tudo é vício visceral
Das ânsias de meu espírito incauto.
Assim, carrego um profundo temor,
E quanto a esse sobressaltante horror
Em meu peito, não sei se solto ou se salto.
Debruçado no parapeito de um prédio,
Absorto no vazio em meu olhar,
Percebo que esse infinito tédio
Por eras ainda vai perdurar.
Vislumbro o terror do dia a dia
Nos muros dessa cidade litorânea,
Que escarra no chão minha agonia:
Um dejeto de lama contemporânea.
Aqui do alto nada parece mais real,
Mas de fato tudo é vício visceral
Das ânsias de meu espírito incauto.
Assim, carrego um profundo temor,
E quanto a esse sobressaltante horror
Em meu peito, não sei se solto ou se salto.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
O Mar É Amor
19/11/2014
Quando eu olho para o mar,
No fundo, eu vejo meu ser.
Com as graças de Iemanjá,
Meu sol brilha em você.
No meus vai-e-vens microscópicos,
Sou uma onda do mar da vida,
Em suas águas salgadas que são minhas;
No seu cheiro que vem do meu corpo.
As pedras em sua imensidão
Estão presentes em mim.
E eu abraço elas,
Contorno,
Me escondo,
Confronto,
Danço com elas.
Sua rugosidade completa minha suavidade.
Como fluido que sou,
Me adequo às paredes de meu recipiente;
Minha forma é meramente referencial.
O Sol me olha e me aquece.
Seu fervor contempla minha serenidade.
Sou uma onda:
Eterna em sua essência,
Efêmera em sua forma.
Sou parte do mar.
E o mar é amor.
Quando eu olho para o mar,
No fundo, eu vejo meu ser.
Com as graças de Iemanjá,
Meu sol brilha em você.
No meus vai-e-vens microscópicos,
Sou uma onda do mar da vida,
Em suas águas salgadas que são minhas;
No seu cheiro que vem do meu corpo.
As pedras em sua imensidão
Estão presentes em mim.
E eu abraço elas,
Contorno,
Me escondo,
Confronto,
Danço com elas.
Sua rugosidade completa minha suavidade.
Como fluido que sou,
Me adequo às paredes de meu recipiente;
Minha forma é meramente referencial.
O Sol me olha e me aquece.
Seu fervor contempla minha serenidade.
Sou uma onda:
Eterna em sua essência,
Efêmera em sua forma.
Sou parte do mar.
E o mar é amor.
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Atravessar a Ponte
02/05/2014
"Não acredito que te deixei aí",
Disse ela, com tristeza ao falar;
"Não acredito que te deixei partir",
Respondi, sem a saudade negar.
Separados por uma ponte infinda,
A distância se esforça em nos separar,
E até hoje eu não sei ainda
Quando novamente a irei encontrar.
Mas de nada adianta perguntar;
Se precisar, enfrento o ceu, confronto o mar,
Penetro o bosque, ou desafio o monte.
Não importa o esforço que precisar,
Tampouco o tempo que isso for tomar,
Mas vou um dia atravessar a ponte.
"Não acredito que te deixei aí",
Disse ela, com tristeza ao falar;
"Não acredito que te deixei partir",
Respondi, sem a saudade negar.
Separados por uma ponte infinda,
A distância se esforça em nos separar,
E até hoje eu não sei ainda
Quando novamente a irei encontrar.
Mas de nada adianta perguntar;
Se precisar, enfrento o ceu, confronto o mar,
Penetro o bosque, ou desafio o monte.
Não importa o esforço que precisar,
Tampouco o tempo que isso for tomar,
Mas vou um dia atravessar a ponte.
sábado, 15 de novembro de 2014
Sonho de Sonhador
15/11/2014
Um sonhador,
Um ser do mundo das ideias.
Vivo e morto,
Presente e ausente,
Real e imaginário,
Yin e yang.
Além do bem e do mal;
Um ser-estado.
Estado de ser quem é
- E o que não é.
De ser só e só ser.
A presença do futuro
No ouroboros da vida.
O epoché suspenso,
As nuvens submersas
Num mar de significação;
O estado do ser em significar.
Os signos dispersos nas flores astrais.
As sépalas sonoras, as pétalas místicas
Circunscritas nas palmas das mãos.
Os sinais invisíveis de mãos imateriais,
As pegadas aéreas dos pés descalços.
Passos descompassados
No contratempo
Das passarelas metonímicas.
Odores sonoros e cores nefelibatas.
Sentidos reais de essências irreais;
Passos passados e futuros
Da constância da inconstância da realidade,
Da eternidade da efemeridade.
Tempo de sonho de um sonhador.
Um sonhador,
Um ser do mundo das ideias.
Vivo e morto,
Presente e ausente,
Real e imaginário,
Yin e yang.
Além do bem e do mal;
Um ser-estado.
Estado de ser quem é
- E o que não é.
De ser só e só ser.
A presença do futuro
No ouroboros da vida.
O epoché suspenso,
As nuvens submersas
Num mar de significação;
O estado do ser em significar.
Os signos dispersos nas flores astrais.
As sépalas sonoras, as pétalas místicas
Circunscritas nas palmas das mãos.
Os sinais invisíveis de mãos imateriais,
As pegadas aéreas dos pés descalços.
Passos descompassados
No contratempo
Das passarelas metonímicas.
Odores sonoros e cores nefelibatas.
Sentidos reais de essências irreais;
Passos passados e futuros
Da constância da inconstância da realidade,
Da eternidade da efemeridade.
Tempo de sonho de um sonhador.
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Zwischen Wissen und Glauben
10/11/2014
Ich will das Glück auffinden,
Aber wie kann ich das tun?
Ist es wichtig im Leben?
Ist es seine Bedeutung?
Wie kann ich es wissen?
Leben ist der Traum der Träume.
Ein Baum unter den Bäumen;
Ein Kuß und ein Bissen.
Nichts kann meine Seele schreiben.
Viel habe ich schon gefragt...
Ein großer Philosoph sagte
Jeder Frau und jedem Mann:
„Wovon man nicht sprechen kann,
Darüber muß man schweigen.“
Tradução: Entre Conhecimentos e Crenças
Eu quero encontrar a felicidade,
Mas como eu posso fazer isso?
Isso é importante na vida?
Isso é seu significado?
Como eu posso saber isso?
A vida é o sonho dos sonhos.
Uma árvore entre as árvores;
Um beijo e uma mordida.
Nada pode minha alma escrever.
Muito eu já perguntei...
Um grande filósofo disse
Para cada mulher e cada homem:
"Sobre aquilo de que não se pode falar,
Deve-se calar."
ps: Eu não gosto de traduções de poemas, mas acho que aqui cabe uma tradução para expressar meus devaneios linguísticos.
ps2: Acho que cabe também dizer que sou um iniciante no estudo da língua alemã, então peço pouca exigência com meus poemas em alemão (tem outro que ainda não postei), porque meu conhecimento dessa língua é ainda bastante limitado.
Ich will das Glück auffinden,
Aber wie kann ich das tun?
Ist es wichtig im Leben?
Ist es seine Bedeutung?
Wie kann ich es wissen?
Leben ist der Traum der Träume.
Ein Baum unter den Bäumen;
Ein Kuß und ein Bissen.
Nichts kann meine Seele schreiben.
Viel habe ich schon gefragt...
Ein großer Philosoph sagte
Jeder Frau und jedem Mann:
„Wovon man nicht sprechen kann,
Darüber muß man schweigen.“
Tradução: Entre Conhecimentos e Crenças
Eu quero encontrar a felicidade,
Mas como eu posso fazer isso?
Isso é importante na vida?
Isso é seu significado?
Como eu posso saber isso?
A vida é o sonho dos sonhos.
Uma árvore entre as árvores;
Um beijo e uma mordida.
Nada pode minha alma escrever.
Muito eu já perguntei...
Um grande filósofo disse
Para cada mulher e cada homem:
"Sobre aquilo de que não se pode falar,
Deve-se calar."
ps: Eu não gosto de traduções de poemas, mas acho que aqui cabe uma tradução para expressar meus devaneios linguísticos.
ps2: Acho que cabe também dizer que sou um iniciante no estudo da língua alemã, então peço pouca exigência com meus poemas em alemão (tem outro que ainda não postei), porque meu conhecimento dessa língua é ainda bastante limitado.
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
O Vidro
07/07/2014
O vidro:
Um espelho e um prisma.
Por que em uma única existênca
Duas formas de ver o mundo?
- Ou é o mundo que vê duas formas?
Seria indecisão,
Antítese,
Paradoxo,
Contradição?
Ou uma discreta explicação
De que na vida ou na forma
A realidade não é unilateral?
- E a verdade não é consensual?
Se conforma, irmão.
Se conforma.
O vidro:
Um espelho e um prisma.
Por que em uma única existênca
Duas formas de ver o mundo?
- Ou é o mundo que vê duas formas?
Seria indecisão,
Antítese,
Paradoxo,
Contradição?
Ou uma discreta explicação
De que na vida ou na forma
A realidade não é unilateral?
- E a verdade não é consensual?
Se conforma, irmão.
Se conforma.
domingo, 2 de novembro de 2014
En lo que Creo
02/11/2014
En mi vida no busco la verdad,
Sino la luz en mis ojos.
Quiero calor, amor y libertad;
Alegrías, pasiones y sonrojos.
Lo que pienso no es lo que creo,
Tampoco lo que oigo en la canción.
No creo en lo que toco o en lo que veo;
Sólo creo en lo que siento en mi corazón.
La vida es azul y roja como el cielo;
En su reflejo me baño, me mielo.
Tengamos menos dolor y más olor!
Olor de sudor, de cuerpos calientes;
Seamos en la lengua de amar fluentes.
Tengamos menos pudor y más amor!
En mi vida no busco la verdad,
Sino la luz en mis ojos.
Quiero calor, amor y libertad;
Alegrías, pasiones y sonrojos.
Lo que pienso no es lo que creo,
Tampoco lo que oigo en la canción.
No creo en lo que toco o en lo que veo;
Sólo creo en lo que siento en mi corazón.
La vida es azul y roja como el cielo;
En su reflejo me baño, me mielo.
Tengamos menos dolor y más olor!
Olor de sudor, de cuerpos calientes;
Seamos en la lengua de amar fluentes.
Tengamos menos pudor y más amor!
La Vida y el Reloj
02/11/2014
La vida es como un reloj:
Miramos sus punteros,
Traducimos sus posiciones en horas,
Pero no lo vemos por completo;
No sabemos su funcionamiento,
Lo que se pasa adentro.
Él no trabaja solo;
Hay que tener mecanismos,
Engrenajes, péndulos.
Él se mueve internamente
Y su movimiento crea las horas,
Los significados.
Nos movemos con su movimiento.
Hay diversos tipos de relojes.
Hay los de arena,
Limitados por la cantidad
De arena que poseen.
Su duración es pasajera
- Como en los otros relojes.
Hay los relojes de sol.
Ellos solo funcionan durante el día.
Todos los días.
Cambian con las estaciones.
Cambian de forma.
Cuando sus punteros dan una vuelta completa,
Regresan al mismo punto del comienzo.
Una vuelta completa en los segundos,
En los minutos,
Las horas,
Los días,
Semanas,
Meses,
Años,
Vida.
La vida es como un reloj:
Hay diversos tipos
Y ellos pasan con el tiempo,
Sus punteros pasan con los segundos,
Minutos,
Horas.
Su existencia pasa con su significado,
Con nuestras visiones, nuestras lecturas.
Con el tiempo.
La vida es como un reloj:
Miramos sus punteros,
Traducimos sus posiciones en horas,
Pero no lo vemos por completo;
No sabemos su funcionamiento,
Lo que se pasa adentro.
Él no trabaja solo;
Hay que tener mecanismos,
Engrenajes, péndulos.
Él se mueve internamente
Y su movimiento crea las horas,
Los significados.
Nos movemos con su movimiento.
Hay diversos tipos de relojes.
Hay los de arena,
Limitados por la cantidad
De arena que poseen.
Su duración es pasajera
- Como en los otros relojes.
Hay los relojes de sol.
Ellos solo funcionan durante el día.
Todos los días.
Cambian con las estaciones.
Cambian de forma.
Cuando sus punteros dan una vuelta completa,
Regresan al mismo punto del comienzo.
Una vuelta completa en los segundos,
En los minutos,
Las horas,
Los días,
Semanas,
Meses,
Años,
Vida.
La vida es como un reloj:
Hay diversos tipos
Y ellos pasan con el tiempo,
Sus punteros pasan con los segundos,
Minutos,
Horas.
Su existencia pasa con su significado,
Con nuestras visiones, nuestras lecturas.
Con el tiempo.
Assinar:
Postagens (Atom)