sexta-feira, 27 de junho de 2025

Maremoto

26/06/2025
 
As brisas em meus ventos uivantes
são sempre cortantes.
Facas que cortam minha carne;
arrancam minha pele.
Os pulmões incendeiam,
mas nada me fere.
Nada me fere!
 
Caio sem rumo num mundo
que me engole.
Pois que engasgue!
Sou fuligem;
fumaça num verso esnobe.
Cascalho solto na rua a ninguém comove.
 
São tosses amargas de um tísico,
ou alguém largada à própria sorte?
A pá que me enterra
não tem um corpo físico;
não me tem em seu foco.
Não há vulcão em minha terra;
só maremoto.
 
Contra gases tóxicos
um corpo forte.
Um organismo coletivo 
repleto de corpos e anticorpos.
Revolta,
solidariedade,
união.
Em minha terra não há vulcão;
só mar remoto.