(14/08/2023)
Me confundiam com incendiário.
Mas minhas faíscas só serviam ao sangue.
Borbulhado,
meu corpo permanecia perfurado
pelo ferro em minhas veias.
A cadeia de sulfato
me inundava a glote.
e eu chovia por dentro.
Me encantavam as cinzas.
Os veios de minhas entranhas
sucumbiam ao deslizamento litiar.
Os ventos assassinavam a métrica
desértica de minha geografia ocular.
E então veio o verbo.
No surto, o resquício do sumiço
volta a se encontrar.
O destino, sovino,
encarna as fibras do corrediço.
E a carne começa a oxidar.
Carbonizado,
o verso se converte em fuligem.
A virtude, em vertigem.
E o vasto vazio começa a desmoronar.
O gosto lúgubre, o olfato incerto
e o terror incólume:
vestígios de precessão no incêndio.
Não sou filho do amoníaco,
mas talvez seja do arsênico.