27/04/2022
Em meus sonhos posso voar.
Que alegria seria
se em realidade ou fantasia
fizesse o que posso, ao sonhar.
Mas meu corpo vive no mundo real;
sem asas,
sem forças,
sem mãos a me levantar.
Minipotente.
Descrente no fututo
aonde vamos chegar.
Enquanto o sertão não virar mar,
um deserto cinzento é meu chão.
Caminho, sob o sol escaldante,
mirando uma miragem
deveras distante,
mas sem sombras de satisfação.
Esta ilha me devora.
Sendo o futuro incerto,
procuro me manter desperto
à procura de uma aurora.
... mas que demora!
Agora, só resta olhar à frente
- micropotente -
porque atrás vem gente
e não há tempo a perder.
Sou o que sou,
mas quem sou eu de fato?
Sem digitais, sem tato,
esqueço o que sei de mim.
Afinal, o que tenho a dizer?
Nesse mundo não sei voar,
e, enquanto não puder sonhar,
só me resta viver.